Descrição
O funcho é uma planta herbácea
perene, de
caules erectos múltiplos, com até dois metros de altura (mas em geral com menos de 80 centímetros), de cor verde intenso, por vezes
glauco, tornando-se azulada quando em locais expostos à secura e a intensa
radiação solar.
As
folhas são longas (até 40 cm) e delgadas, finamente dissecadas, terminando em segmentos
filiformes a aciculares (com cerca de 0,5 mm de diâmetro), muito flexíveis, mas que, quando expostos à secura, endurecem exteriormente para evitar a perda de água.
Produz
inflorescências terminais compostas, umbeliformes, com 5 a 15 cm de diâmetro, contendo 20 a 50
flores pediceladas inseridas num único ponto do ápice da inflorescência, sobre
pedúnculos curtos. As flores são minúsculas têm de 2 a 5 mm de diâmetro, amarelo a amarelo-esverdeadas.
O fruto é uma semente seca, fortemente aromática, ovóide, de 4 a 9 mm de comprimento e 2 a 4 mm de largura, achatada e com entalhes longitudinais simétricos em ambos os lados.
A
raiz é
rizomatosa, esbranquiçada e muito suculenta, armazenado grande quantidade de água.
O cheiro e sabor característicos (em geral designados por "anis" ou "erva-doce") resultam da presença de
anetol, um composto fortemente aromatizante.
Espécies associadas
A maioria dos botânicos tende a considerar o Foeniculum vulgare como a única espécie legítima do género, considerando as outras espécies descritas como meras formas. Assim, apesar das grandes diferenças morfológicas, de teor em óleos essenciais e de sabor e cheiro, as espécies antes descritas neste género parecem ser meras subespécies ou variedades de F. vulgare.
Dado o seu cheiro a
anis, a planta é por vezes confundida com a
Pimpinella anisum (o anis), uma espécie aparentada, mas muito diferente.
Cultura e utilização
É frequentemente utilizada em pequenas quantidades na cozinha mediterrânica como planta aromatizante, particularmente os das variedades menos ricas em óleos essenciais, serem consumidos em fresco como parte de saladas.
Pode também ser incorporado em sopas, em particular sopas destinadas a serem consumidas frias. Um dos pratos típicos dos
Açores é uma sopa de
feijão e
inhame com folhas e caules tenros de funcho.
É frequente o seu uso como aromatizante em molhos, conservas de vegetais,
curtumes e outros preparados semelhantes. Usada em baixas concentrações dá um aroma e sabor discretos, semelhante ao mentolado, mas bastante mais suave e
doce.
As sementes secas são utilizadas em chás e tisanas e como aromatizante em licores e bebidas alcoólicas destiladas (como a
aquavit).
Na Índia e China as sementes moídas são utilizadas para a produção de condimentos e especiarias, recebendo a designação de saunf ou moti saunf.
As suas raízes são consideradas como tendo propriedades
diuréticas, sendo por esta razão comercializadas pelas
ervanárias. O chá de semente de funcho é utilizado para reduzir os gases intestinais, incluindo na primeira infância e em crianças lactentes.
O
anetol, o composto que lhe dá o cheiro e sabor característicos, é considerado estimulante das funções digestivas e
carminativo, podendo ter propriedades coleríticas.
Em concentrações elevadas os óleos essenciais do funcho apresentam actividade insecticida, apresentando actividade neurotóxica. Este óleo faz parte da
farmacopeia europeia.
Em perfumaria os óleos essenciais do funcho são utilizados para perfumar pastas dentífricas, champôs e sabonetes.
Variedades e cultivares
Pelas suas características aromáticas e pelos usos medicinais do
anetol, o funcho tem sido utilizado desde a antiguidade, sendo já cultivado no
Antigo Egipto.
Na
Grécia Antiga era designado por μάραθον (
marathon), estando na origem do nome
Maratona (que afinal, em português seria
Funchal), o local da mítica
batalha de Maratona travada em
490 a.C. entre gregos e persas. A mitologia grega diz que
Prometeu usou um talo de funcho para roubar fogo dos deuses.
Existem múltiplas variedades cultivadas, a maior parte das quais seleccionadas pela doçura e baixa concentração de anetol, o que permite o consumo em saladas.
Outros
cultivares são seleccionados para a obtenção de grandes concentrações de óleos essenciais, sendo utilizados para perfumaria e para a produção de condimentos.
Uma variedade de funcho, originária da
Macaronésia e designada por
F. vulgare azoricum (
Mill.)
Thell., caracterizada por caules mais suculentos e doces e menor concentração de óleos essenciais, o que os torna facilmente comestível em fresco, é hoje comercializada com a designação varietal de
Florence. Esta forma da planta é espontânea nos
Açores e na
Madeira. A sua abundância está na origem do nome da cidade do
Funchal, a actual capital madeirense.
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